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Sabedoria Antiga para um Mundo Moderno

Atualizado: 12 de ago. de 2023

O que aconteceu na minha infância provavelmente é impensável acontecer nos dias de hoje. Quando eu era bem pequenina lembro-me de passar metade das férias escolares a brincar na rua ao lado do hospital e a outra metade dentro do hospital a observar a minha mãe a trabalhar com pacientes (eu sou a filha única de uma enfermeira). Lembro-me de literalmente crescer dentro do hospital. Eu penso, que isso fez com que as abordagens da medicina moderna tivessem enraizadas em mim desde a infância, primeiro pelo que eu via no hospital, e depois pela minha própria experiência de como as doenças eram tratadas em casa. Quando eu cresci, acabei por estudar zootécnia e continuar a explorar areas de biologia, fisiologia e patologia, o que reforçou ainda mais a minha maneira convencional de pensar na doença.


Fiquei muito surpreendida quando descobri muito mais tarde, que haviam outras maneira de abordar a saúde e a doença. Algumas abordagens eram milenares, com perto de quatro mil anos, como na China, Índia, Grécia e Médio Oriente, e estas eram baseadas em sistemas medicos bem desenvolvidos e testados. E outras eram muito mais recentes como a Medicina Integrativa que combina conhecimentos da medicina antiga e medicina convencional com as ultimas descobertas da ciência moderna, um novo campo da saúde em crescimento no mundo. O mais chocante e interessante foi provavelmente descobrir como estes tipo de medicinas abordam a saúde de maneira similar, mas a sua abordagem é muito diferente da medicina convencional.


Sabedoria Antiga para um Mundo Moderno

Curioso para saber a diferença? Em primeiro lugar, por definição e filosofia, a maioria dos médicos convencionais praticam Medicina Alopática. É um sistema de medicina que se concentra principalmente no tratamento de doenças, e não na promoção da saúde.


Os médicos alopatas tendem a ver como boa saúde, um estado físico no qual não há nenhuma doença óbvia presente. Em contraste, os profissionais de Medicina Integrativa e Medicina Tradicional reconhecem a saúde como o estado de bem-estar físico, mental, emocional e espiritual. A principal diferença entre as duas filosofias é aparente se observarmos como cada tipo de médico vê não apenas a saúde, mas também a doença.


Infecções – A Teoria dos Germes vs Teoria do Terreno

Para ilustrar as diferenças, vamos explorar como vêm e lidam com as infecções. Profissionais da Medicina Integrativa e Tradicional entendem que a parte mais importante numa infecção é a interação do sistema imunológico do hospedeiro com o organismo que o infectou, por isso eles usam tratamentos maioritariamente focados para melhorar o sistema imunológico, de maneira a melhorar a resposta do corpo. Enquanto a maioria dos médicos convencionais tende a usar tratamentos destinados a matar o organismo invasor.


A Medicina Convencional é literalmente obcecada por agentes infecciosos em vez de os fatores de defesa do corpo. Esta obsessão começou com Louis Pasteur, o médico e pesquisador do século XIX que desempenhou um papel importante no desenvolvimento da teoria dos germes. A teoria diz que diferentes doenças são causadas por diferentes organismos infecciosos, sendo o paciente uma vítima passiva. Grande parte da vida de Pasteur foi dedicada a encontrar substâncias que matassem os organismos infeciosos. Pasteur e outros que o seguiram, pioneiros no tratamento eficaz das doenças infecciosas, deram-nos muito, pelo que todos lhes devemos estar gratos. No entanto, há mais a dizer em relação a como prevenir infecções.


Outro cientista francês do século 19, Claude Bernard, também fez grandes contribuições para a medicina. Bernard acreditava que o estado do ambiente interno de uma pessoa (o "terreno" como lhe chamava) era mais importante na determinação da doença do que o próprio patógeno. Ele acreditava que os medicos deviam focar-se em tornar esse terreno interno um lugar inóspito para o florescimento das doenças. A teoria de Bernard levou a alguns estudos bastante interessantes. Um dos mais interessantes foi conduzido por um cientista russo chamado Elie Metchnikoff, quem descobrio os glóbulos brancos. Ele e seus colegas de pesquisa consumiram culturas contendo milhões de bactérias da cólera, mas nenhum deles ficou doente. O motivo: seus sistemas imunológicos não foram comprometidos. Metchnikoff acreditava, como Bernard, que a maneira correta de lidar com doenças infecciosas era focar-se no melhoramento das defesas do nosso corpo. A sabedoria antiga e a medicina integrativa moderna concordam com esta abordagem.


Infelizmente, o legado de Pasteur é uma continua obsessão com o patógeno, e infelizmente a Medicina Convencional esqueceu-se da importância do corpo. A Medicina Convencional como a conhecemos, começou há menos de duzentos anos e as empresas farmacêuticas foram formadas na mesma época. Essa parceria deu origem a uma abordagem cada vez mais formulada para a cura – uma abordagem que se concentra no tratamento de sintomas superficiais com medicamentos, em vez de investigar a verdadeira causa da doença. E que se esquece que cada ser humano é uma mistura complexa de corpo, mente e espírito, por isso o mesmo medicamento não atua da mesma maneira em todas as pessoas. Ao fazer isto, a Medicina Moderna deu as costas a milhares de anos de conhecimento médico sobre como o corpo funciona de forma holística, qual a melhor forma de apoiar a cura e talvez o mais important, como apoiar o corpo a prevenir doença.


Agora, quero deixar bem claro que os avanços da Medicina Convencional salvam vidas a cada segundo. Se sofre um acidente de carro ou tem um ataque cardíaco ou uma aneurisma cerebral, não há lugar melhor para estar do que num hospital. Mas se você sofre de uma doença crônica relacionada com: má alimentação; stresse; idade; ganho de peso; ou falta de exercício – os tipos de problemas que rotineiramente nos levam ao consultório médico – os comprimidos que o seu médico lhe vai receitar provavelmente vão alivia-lo, mas não vão resolver o problema para sempre. Na verdade, eles quase de certeza que vão criar outro problema que piorará a sua saúde. Todos os medicamentos têm efeitos secundários, e alguns são graves. Quanto mais remédios tomar, maior o risco de uma má reacçāo.


Por exemplo, o uso a longo prazo da maioria dos medicamentos, tanto os prescritos quanto os de venda livre, pode causar sérias deficiências nutricionais. Os inibidores da bomba de prótons (IBP), por exemplo, prescritos rotineiramente para o refluxo do ácido, limitam a capacidade do corpo de absorver as vitaminas B12 e C, bem como ferro, cálcio, magnésio, zinco e beta-caroteno. Eles também aumentam o risco de morrer de doença cardíaca, doença renal crônica e cancro gastrointestinal. Da mesma forma, alguns medicamentos diuréticos para pressão alta esgotam o cálcio, magnésio, tiamina, zinco, potássio, ácido fólico e ferro do corpo. Estes nutrientes são absolutamente essenciais para o funcionamento saudável do cérebro, coração e músculos. E estes são apenas dois exemplos, entre centenas de produtos farmacêuticos que podem causar deficiências nutricionais terríveis, entre outras complicações.


Em contraste, os tratamentos usados na Medicina Tradicional e Integrativa nunca se resumem a tomar um comprimido. Normalmente combinavam ervas medicinais/suplementos, alimentos integrais e abordagens de estilo de vida saudável, o que têm um efeito suave, mas poderoso, sem efeitos secundários. Obviamente, esta abordagem requer mais trabalho por parte do paciente e do profissional e a fase de recuperação é mais lenta. No entanto, foca-se em resolver a raiz do problema, em vez de apenas fazer desaparecer um sintoma e deixar o problema continuar a desenvolver-se, o que o pode tornar piorar a longo prazo. Imagine uma pessoa com pressão arterial alta, na Medicina Integrativa isto é considerado um sinal de desequilíbrio do corpo. As causas para isso podem ser diversas e a abordagem é descobrir qual é a raiz do problema neste paciente e resolvê-la. Na Medicina Convencional, o paciente recebe uma medicação geral que vai ter que tomar para a vida e que apenas força a pressão a baixar de uma maneira que não é natural. Como a raiz do problema não é resolvida, o problema subjacente persiste, o que muitas vezes leva ao agravamento da situação (mais medicamentos ou mudança de medicamentos) ou ao aparecimento de outros problemas de saúde. Neste caso, o seu corpo agora precisa de curar a toxicidade do medicamento que esta a tomar (todos os medicamentos a têm), o problema persistente e o novo problema.


Hipócrates, considerado o pai da Medicina Moderna, praticava Medicina Tradicional. Ele tratava as doenças com jejum, dieta e uso de ervas (algo que parece ultramoderno hoje em dia em alguns sectores). Ele documentou mais de duzentas ervas curativas e ensinou que a medicina baseada em plantas pode salvar vidas. Felizmente, há um corpo cientifico cada vez maior que apóia isto nos dias de hoje, bem como um interesse crescente em encontrar maneiras alternativas de cuidar da nossa saúde.


Pessoalmente tornei-me uma forte defensora da Medicina Natural e de Estilo de Vida, pois acredito que a Medicina Convencional e a Medicina Natural se complementam. Antes de alguém receber uma prescrição para tomar um medicamento, se a situação não é de ameaça à vida, a pessoa deveria ser guiada para tratar a condição primeiro de maneira natural. Por exemplo, uma amiga recentemente foi medicada para controlo do colesterol com estatinas, uma droga bastante controversa que, uma vez iniciada, toma-se para toda a vida. Conversamos e concordamos em usar métodos naturais para baixar o colesterol por três meses antes de iniciar a medicação, caso o plano de estilo de vida não funcionasse. Em menos de 2 meses, o seu colesterol tinha baixado de 237 para níveis mais normais (181) sem o uso de nenhum medicamento sintético com efeitos secundários.


Se tiver com problemas de saúde relacionados com o estilo de vida, consulte com o seu médico e peça alguns meses para resolver o problema de uma maneira natural, antes de iniciar uma medicação. Uma abordagem mais Integrativa vai conseguir resolver o seu problema e como o tratamento se foca na causa da doença e não nos sintomas, isto a longo prazo, vai resultar numa melhor saúde.



Fontes:

Remédios antigos para a vida moderna, Dr. Josh Axe, Hachette Book Group, Inc.

The Encyclopaedia of Natural Medicine, Michael Murray & Joseph Pizzorno, Simon & Shuster, Inc.

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